O Procon Goiás tem visto com preocupação com o rápido crescimento do mercado de apostas e jogos on-line no Brasil, apontando que a prática tem contribuído significativamente para o aumento do endividamento da população. Dados recentes divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) indicam que os consumidores movimentam cerca de R$ 6 bilhões mensalmente nesse setor.
O superintendente do Procon Goiás, Marco Palmerston, destaca que a popularidade das plataformas de apostas está associada a uma série de problemas financeiros enfrentados por muitos brasileiros. “Muitos são atraídos pelas promessas de ganhos rápidos, o que pode ofuscar a percepção dos riscos reais, levando a pessoa a apostar cada vez mais. Além disso, há a facilidade de acesso às plataformas e a publicidade agressiva, especialmente nas redes sociais, além da falta de transparência. Isso tudo pode levar uma pessoa a se perder”, alerta Palmerston.
Recomendações para evitar o endividamento
Para mitigar os riscos financeiros das apostas on-line, o Procon Goiás orienta os consumidores a estabelecerem um limite claro de quanto podem gastar. “O ideal seria não jogar, para evitar o ciclo vicioso de tentar recuperar perdas. Porém, se o consumidor acredita ter controle, o valor usado deve vir do orçamento destinado ao lazer, jamais da parte destinada a despesas essenciais, como alimentação ou aluguel”, explica Palmerston.
Aos que já se encontram endividados, o órgão recomenda identificar todas as dívidas, analisando montantes, juros e prazos. É importante priorizar aquelas com juros mais altos ou prazos mais curtos, para evitar que os débitos se acumulem de forma descontrolada. Renegociar com os credores também é uma medida aconselhável, e o Procon Goiás oferece assistência aos consumidores que precisam calcular suas dívidas para se proteger de cobranças abusivas.
Impactos psicológicos e práticas abusivas
Antônio Carlos Ribeiro, coordenador do Núcleo de Apoio aos Superendividados do Procon Goiás, ressalta que o problema vai além das questões financeiras. “As apostas on-line representam um fenômeno novo que demanda atenção do poder público e da sociedade. Além do risco de endividamento, há o perigo da dependência psicológica. Algumas pessoas estão se tornando viciadas, perdendo o convívio familiar e destruindo relações”, adverte.
Ribeiro também chama a atenção para as práticas abusivas cometidas por empresas do setor, como a insistência em atrair consumidores, a falta de informações claras sobre as regras dos jogos e a publicidade enganosa. Essas ações podem resultar em autuações por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Atualmente, o Ministério da Fazenda autoriza 89 empresas a operarem no setor de apostas online, responsáveis por 193 plataformas. O Procon Goiás avisa que segue monitorando o mercado e orientando a população para evitar que o crescimento desse segmento resulte em problemas financeiros e sociais ainda maiores.