Saúde mental dos universitários

Luana Morais*

Pesquisa sobre o Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação de Universidades Federais, realizada pela Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes dasInstituições Federais de Ensino Superior), mostra que mais de um terço dos alunos
trabalham e 19,3% passam por dificuldades financeiras. Este cenário de estresse e pressão socioeconômica coloca os acadêmicos como um público vulnerável aos problemas ou transtornos psíquicos.

Muitos já são pais e mães, outros sustentam suas famílias e isso, somado à pressão da
vida acadêmica, exerce um peso ainda mais complicado na vida do jovem ou adulto
universitário. A vida acadêmica, aliada à rotina do cotidiano, exerce uma influência crucial
na saúde mental dos universitários. O que os leva a desenvolverem uma série de
problemas como transtornos alimentares, fobia social, ansiedade, depressão, nomofobia
(vício em celular), uso de drogas e cigarro eletrônico, por exemplo.

No mês dedicado a combater o suicídio (Setembro Amarelo), é importante falar sobre
essa parcela da população, já que os jovens são considerados as maiores vítimas de
ansiedade e o segundo grupo que mais sofre com depressão do país. E também os que
menos buscam ajuda profissional. E entre eles, só um de cada oito recebeu algum
tratamento, segundo dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças
Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel).

A falta de esclarecimento sobre o adoecimento psíquico pode ser a justificativa pelo baixo
índice de procura por tratamento adequado. Muitas vezes há um esgotamento que pode
ser interpretado erroneamente como falta de interesse pelos estudos. Ou ainda a falta de
orientação sobre apoio psicológico, já que existe muita resistência em admitir que se tem
problemas relacionados à saúde mental, por medo de ser rotulado.

A cobrança é extrema, muita coisa para estudar, estágio, atividades extracurriculares, por
exemplo, que os levam a beira do desespero. Em determinado momento, é preciso parar,
colocar o pé no chão e pensar: para onde tantas cobranças podem me levar? Caso
contrário, será complicado aguentar toda a pressão sozinho.

Discutir o assunto é o primeiro passo para minimizar o problema. O acolhimento é peça
fundamental para um tratamento de sucesso. É necessário oportunizar aos acadêmicos e
demais jovens, condições de desenvolver a resiliência, a disciplina, o foco, a empatia e
seu papel individual na comunidade. Situações que vão fazer com que esses jovens se
sintam importantes, valorizados e amparados nessa travessia tão desafiadora.

É importante ressaltar que se não tratados no momento devido, os universitários com
problemas relacionados à saúde mental terão sérios riscos de desistência do estudo
também. É preciso que haja uma parceria da instituição e família para dar suporte ao
jovem universitário.

Num contexto em que a vida precisa ser vivida nas diferentes dimensões, equilíbrio é
palavra de ordem em dias de tanto estresse e novas demandas que surgem a cada
instante.

*Luana Morais é coordenadora da Subcomissão de Acadêmicos e Estagiários da OAB/GO.