Após ministro deixar sessão, colega pela melhoria no convívio entre homem e mulher no Judiciário

Nesta terça-feira (24), a ministra Regina Helena Costa, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), fez um apelo por uma melhor convivência entre homens e mulheres nos espaços de trabalho do Poder Judiciário. A declaração foi feita no início da sessão da Primeira Turma do tribunal, dias após um incidente envolvendo o ministro Gurgel de Faria, que gerou constrangimento.

O episódio ocorreu na semana anterior, quando o ministro Gurgel de Faria se retirou da sessão ao interromper a leitura de um voto pela ministra Regina Helena. O ministro questionou a necessidade da leitura completa do voto, sugerindo que apenas a ementa fosse lida. Regina Helena afirmou que a leitura era destinada ao público, o que gerou o pedido de licença e a saída do ministro da sessão.

Após o ocorrido, a ministra Regina Helena Costa recebeu apoio de outros ministros, entidades e grupos femininos, e aproveitou a oportunidade para fazer um apelo por melhores relações entre homens e mulheres no ambiente do Judiciário, ressaltando o caráter predominantemente masculino da instituição. “Espero que uma situação dessa não se repita aqui no tribunal. Espero também que a gente possa extrair um aprendizado para que haja uma melhoria nas relações entre homens e mulheres nos espaços de trabalho, especialmente aqui no Poder Judiciário, que é um ambiente tão masculino”, afirmou a ministra.

O incidente ocorreu durante a sessão da última terça-feira (17), quando a ministra começou a leitura de seu voto, e o ministro Gurgel de Faria questionou o presidente da turma, Paulo Sérgio Domingues, sobre a necessidade da leitura, já que o voto estava disponível no sistema. “Senhor presidente, mas vai ler o voto?”, perguntou Faria, seguido pela resposta de Regina Helena: “Eu estou apresentando o voto, ministro”. O ministro insistiu, afirmando que a leitura completa não era necessária. Contrariado, ele pediu licença e se retirou.

O episódio ganhou repercussão na imprensa, e após a divulgação do vídeo da sessão, o ministro Gurgel de Faria divulgou uma nota de desculpas, lamentando o ocorrido e reconhecendo que sua atitude foi inadequada. “O ministro Gurgel de Faria renova o seu pedido de sincera escusa pela forma equivocada com que se dirigiu à ministra Regina Helena e por ter se ausentado da sessão, tendo retornado à reunião do colegiado em poucos minutos”, declarou o ministro em nota.